O misantropo amável
Tinha descoberto há uns meses André Blanchard, e agora descubro que morreu. Era um descendente de Léautaud, em menos ácido, um diarista afastado da corte, hostil à moda e à grandiloquência, pouco à vontade com a modernidade, classicista, elegante, enfadado. Vivia na província, tranquilo e tristonho, com gatos e livros. Chamaram-lhe um «jansenista luminoso», um «misantropo amável», como eu gosto. Tenho lido com prazer os seus livrinhos diarísticos, de tiragem mínima e público mínimo. O último chamou-se, ironicamente, À la demande Générale.