2014: RIP
Todos temos mortos que são nossos, porque os conhecíamos, porque os admirávamos, porque nos identificávamos, porque eram símbolos de um país ou de um tempo. Certos obituários são apenas notícias de jornal. Outros enchem-nos de tristeza ou melancolia. Este foi o ano em que morreram Philip Seymour Hoffman e Vasco Graça Moura, homens a quem, de formas diferentes, devo muito, como, a tempo, expliquei. Mas também se foram embora outros grandes, alguns que souberam ser grandes em certos momentos, outros que fui lendo e vendo com admiração ou interesse, outros que vêm da memória mais antiga. Eusébio e Coluna. Adolfo Suárez. Jacques Le Goff e Simon Leys. Mavis Gallant e Sue Townsend. José Emilio Pacheco, Leopoldo Maria Panero, Juan Gelman, Mark Strand, Tomaz Salamun. Lauren Bacall e Eli Wallach e Robin Williams. Billie Whitelaw. Alain Resnais. Mike Nichols, por causa de Quem Tem Medo de Virginia Woolf?, Harold Ramis, por causa de O Feitiço do Tempo, e o Karlheinz Bohm de Peeping Tom, e L.M. Kit Carson, que escreveu Paris, Texas. E as vozes e rostos da infância televisiva, Anthímio de Azevedo, Sousa Veloso, Rui Tovar, António Montez. E os criadores da Galáctica e de O Justiçeiro ou de Allo Allo. E as últimas pessoas que eu conhecia da geração dos meus avós.