Intermediários
Num ensaio sobre Maurice Blanchot Critique, Yun Sun Limet lembra que Blanchot escreveu sobre literatura procurando quase sempre um «descentramento» e uma escolha de «intermediários», fossem críticos ou biógrafos: «René Char via Roger Mounin, a leitura de Hölderlin que passa pela leitura de Heidegger, Baudelaire por Sartre, Goethe por Eckermann, Kafka por Brod, Proust por Feuillerat, Rosseau por Starobinski, Mallarmé de novo por Georges Poulet, Heráclito por Clémence Ramnoux, Kafka de novo por Marthe Robert (...)». Foi isso que mais me interessou quando descobri Blanchot, mas não descobri logo que tinha sido isso, porque, à época, esse método me interessaria bastante pouco, ao passo que hoje me interessa mesmo muito. Duvido é que o recurso a «intermediários» signifique um «descentramento», pelo menos para todos nós que não somos Blanchot.