É / não é
O amor não é uma profissão
apresentável ou inapresentável
o sexo não é um dentista
que enche a contento inchaços e cavidades
tu não és o meu médico
tu não és a minha cura,
ninguém tem esse
poder, és apenas uma companhia para a viagem
Desiste da preocupação clínica,
tão abotoada e atenta,
permite-te um pouco de raiva
e permite-me um pouco de raiva
uma raiva que não precisa da tua
aprovação nem da tua surpresa
que não precisa de ser legalizada
que não é um antídoto contra uma doença
mas contra ti,
que não precisa que a entendam
ou lavem ou caustiquem,
mas que precisa em vez disso
de falar uma e outra vez em voz alta.
Permite-me o uso do tempo presente.
[«Is/Not» (1974), de Margaret Atwood, versão PM]
apresentável ou inapresentável
o sexo não é um dentista
que enche a contento inchaços e cavidades
tu não és o meu médico
tu não és a minha cura,
ninguém tem esse
poder, és apenas uma companhia para a viagem
Desiste da preocupação clínica,
tão abotoada e atenta,
permite-te um pouco de raiva
e permite-me um pouco de raiva
uma raiva que não precisa da tua
aprovação nem da tua surpresa
que não precisa de ser legalizada
que não é um antídoto contra uma doença
mas contra ti,
que não precisa que a entendam
ou lavem ou caustiquem,
mas que precisa em vez disso
de falar uma e outra vez em voz alta.
Permite-me o uso do tempo presente.
[«Is/Not» (1974), de Margaret Atwood, versão PM]