1959
Ele tem um pé no passeio, onde estão todos os outros, e um pé na estrada, como se estivesse de saída. Parece o mais novo naquela foto tirada pelo fotógrafo italiano Mario Dondero, uma das mais célebres da literatura contemporânea, e parece não fazer bem parte daquilo. Chamava-se Claude Ollier, e morreu o mês passado, aos 91 anos. Os outros eram Alain Robbe-Grillet, Claude Simon, Claude Mauriac, o editor Jérôme Lindon, Robert Pinget, Samuel Beckett e Nathalie Sarraute, os autores do chamado «Nouveau Roman», aqui à porta das Éditions de Minuit, em Paris, no outono de 1959. (...)
Nunca li uma linha de Claude Ollier, sempre pensei em Ollier como o homem da fotografia, e que eu só conhecia da fotografia. Mas nos últimos anos fui descobrindo alguns dos outros escritores, quase todos entretanto esquecidos ou menosprezados. E parece-me que Robbe-Grillet tinha razão quando, em «Pour un Nouveau Roman» (1963) protestava contra as simplificações, os erros, e os mal-entendidos. (...)
[hoje, no Expresso diário]