A última das virtudes
Nunca levei demasiado a sério a apologia da «força» em Nietzsche: metade é uma evidência antropológica e a outra metade é sobretudo bazófia. Em compensação, dei sempre muita atenção ao seu ódio à fraqueza, fundamento do seu anti-cristianismo. Como nesta passagem da Gaia Ciência: «Que nos interessa o ouropel com que um doente enfeita a sua fraqueza! Pode exibi-la até como a sua virtude, não subsiste dúvida de que a fraqueza torna as pessoas brandas, ah!, tão brandas, tão íntegras, tão inofensivas, tão “humanas”!». Nietzsche despreza isto nos outros: eu apenas o desprezo em mim. Não tenho orgulho nisso, tenho pena até, mas compreendo a repugnância pagã por essa última das virtudes.