Uma ideia
Espinosa não disse que o amor é a alegria acompanhada de
uma causa exterior: disse que «o amor é a alegria acompanhada da ideia de uma
causa exterior». Que o amor seja uma manifestação da alegria é evidente; que
dependa de uma causa, percebe-se; mas o luso-holandês acrescentou essa
magnífica subtileza: a ideia de uma causa. Além de uma «emoção», o amor é uma «ideia»: uma ideia sobre a causa do amor, justamente. Por isso é que experimentamos tantas discrepâncias e decepções: porque a
alegria é uma emoção, e não está sujeita às regras da veracidade;
ao passo que o amor é uma ideia, e, como todas as ideias, é muitas vezes uma falsidade.