26.5.14

A liberdade dos antigos e dos modernos

ADOLFO: Fico mais seis meses.

LEONOR: Está a transmitir-me essa notícia em tom demasiado seco.

ADOLFO: É que receio muito, confesso-o, as consequências deste adiamento, tanto para um como para outro.

LEONOR: Julgo que, pelo menos para si, não são particularmente desagradáveis.

ADOLFO: Sabe muito bem, Leonor, que nunca é comigo que estou mais preocupado.

LEONOR: Mas também não é com a felicidade dos outros. Enganou-me, alimentou por mim um interesse passageiro; colocou-me, aos olhos do público, numa situação equívoca.

ADOLFO (para o público): Lamentei-me da minha vida em permanente constrangimento, da minha juventude consumida na inacção, do despotismo que ela exercia sobre os meus passos. Assim vivemos ainda mais quatro meses.

[a partir do romance Adolfo (1816), de Benjamin Constant, na tradução portuguesa de Maria José Marinho, edição Relógio D'Água]











[os actores Teresa Tavares, Cristóvão Campos e Maya Booth]