There, there
«Just cause you feel it doesn’t mean it’s there», diz a canção «There, there», dos Radiohead. Talvez seja uma referência directa ou alegórica ao phantom limb, a perna ou braço perdidos que os amputados continuam a sentir fisicamente, como se ainda estivessem intactos. Ou uma crítica ao sentimentalismo: lá porque se «sente» uma coisa, isso não significa que a coisa exista, caso contrário tornávamos empiristas todos os lunáticos. O jogo, creio, é entre o verso e o título. «There, there» poderia ser traduzido como «ali, olha ali», como quem chama a atenção para algo que existe ou é uma ilusão de óptica; mas claro que «there, there» é também uma expressão de consolo, um «pronto, já passou». Ilusão ou consolo, «There, there» avisa-nos contra sentimentos, sensações, fantasmas. É uma crítica onírica aos sonhos irrealistas.