Quarta-feira de cinzas
Devo uma coisa inestimável a quase todas as pessoas importantes da minha vida, mesmo as que vieram por bem: quase todas me transmitiram a ideia de que eu não tenho importância nenhuma, de que sou, digamos, insignificante. É bastante bom aprender isso, e aprender cedo, mesmo que seja desagradável: o facto de nos esquecerem quinze dias depois de desaparecermos põe tudo em perspectiva, faz com que não alimentemos ilusões de grandeza, qualidades imaginárias, aspirações poéticas. Devo a essas pessoas o constante memento, o «quia pulvis est et in pulverem reverteris», a quarta-feira de cinzas.