20.3.14

Há um tempo

Há um tempo para tudo, diz a famosa passagem do Eclesiastes [outros traduzem por «ocasião» ou até «estação»]: tempo para nascer e tempo para morrer, destruir e construir, guardar e deitar fora, rasgar e coser, tempo de guerra e tempo de paz. «Há um tempo» significa a unidade e a diversidade da experiência humana, factos contraditórios mas que nos acontecem a todos. Mas «há um tempo» também significa que há um tempo apropriado para cada coisa. E isso, o «apropriado», que é uma variável que talvez se pudesse controlar de algum modo, é o que me escapa por inteiro. Tenho vivido os vários tempos, ocasiões, estações, mas raramente no momento apropriado. Quase todas as minhas experiências foram precoces ou tardias, imaturas ou serôdias, quase todas extemporâneas, intempestivas, inoportunas, inadequadas. Percebo o embaraço ou o visível recuo quando alguém se vê confrontado com os meus «tempos» desastrados. E nem o Eclesiastes me ajuda.