24.12.13

Na igreja

Tento tantas vezes
analisar a natureza
dos seus silêncios. É aqui que Deus se esconde
de mim que o procuro? Parei para ouvir,
depois de umas escassas pessoas terem saído,
o ar que se recompunha
para a vigília. Esperou assim
desde que as pedras se agruparam à sua volta.
Estas são as costelas duras
de um corpo que as nossas orações não conseguiram
reanimar. As sombras avançam
dos recantos para se apoderarem
dos lugares que a luz conservou
durante uma hora. Os morcegos
voltam a andar por aqui. O desconforto nos bancos corridos
termina. Não há outro som
no escuro senão o som de um homem que
respira, que testa a sua fé
no vazio, pregando as suas perguntas uma por uma
numa cruz abandonada.


[R.S. Thomas; versão PM]