4.11.13

Uma questão de escala

Há uns tempos, no Público, o meu amigo João Bonifácio entrevistou Ian McCulloch, vocalista dos grandes Echo and the Bunnymen. Tentando caracterizar o grau de «auto-estima» que Ian demonstrava na conversa, o João procurou colocá-lo (cito) «numa escala que vai de Pedro Mexia a Cristiano Ronaldo». E, ao que parece, a «auto-estima» de McCulloch assemelha-se mais à de um dos melhores futebolistas do mundo do que, enfim, à minha. Mas a «auto-estima», a justificável ou a insuportável ou a lamentável, não é apenas uma questão de ego: é, como diz o João, uma questão de escala. Há de facto pessoas extraordinárias, e outras, quase todas as outras, que não são extraordinárias. A empáfia de uns e a lucidez dos outros parece-me compreensível e inócua.