Um dinamarquês
Pronunciei uma frase precipitada, é apenas isso; não se tratou de todo de uma declaração «falsa», nem de me pôr a dizer alguma coisa apenas para não estar calado; não é uma confissão irrepetível a ouvidos sensíveis, nem vergonhosa, admirável ou tremenda. Imagino aliás que quase toda a gente a acharia banal. Mas eu considerei-a quase de imediato como uma imprudência: não no sentido «social», que se quilhe o social; mas porque era como que uma antecipação da verdade, de uma verdade possível mas não-comprovada. Era uma hipótese, não uma demonstração. Uma possibilidade, não uma evidência. E agora sinto que serei castigado por causa dessa temeridade, como um dinamarquês pietista que acreditasse em maldições.