8.11.13

Save me

Conhecemo-nos, há quase quinze anos, por causa da Aimee Mann, quer dizer, conversámos sobre ela ainda antes de nos conhecermos, essa Aimee que eu nunca tinha ouvido, e que interpretava as canções de uma longa-metragem de um cineasta de quem eu tinha visto apenas o Boogie Nights. Conhecemo-nos ainda antes de nos termos conhecido, e ela disse logo que eu era o «Jim» e ela a «Claudia», o filme tinha estreado no país onde ela então vivia, e cá ainda não, e eu não sabia nada sobre a Claudia e o Jim. Ela explicou-me, e contou que as canções parte da história, tanto como a própria história. Foi a Aimee Mann que nos juntou, e o Anderson. E depois as coisas aconteceram como no cinema e nas canções, uma questão de vidas cruzadas, um refrão indefeso que diz «save me», alegrias, traumas, choques, indecisões, afastamento. E uma verdade crua, brutal, imune ao Tratado de Genebra, uma verdade como eu nunca tinha conhecido, e que custou tanto, e me ensinou tanto, e à qual devo tanto. Esta noite mandei-lhe uma mensagem durante o concerto, e ela respondeu-me. Devemos respeitar o passado, sobretudo quando o mal que nos fez chegou a ser um bem.